27 de março de 2024

Chamada para artigos - Dossiê "Brasil, 1964-2024: perspectivas sobre o passado e o presente na luta contra o negacionismo" - Segundo semestre 2024


 A Revista Sillogés - http://historiasocialecomparada.org/revistas/index.php/silloges/ - anuncia a chamada de trabalhos para o dossiê Brasil, 1964-2024: perspectivas sobre o passado e o presente na luta contra o negacionismo proposto pelo Prof. Dr. Carlos Artur Gallo (PPG Ciência Política - UFPEL e Núcleo de Pesquisa sobre Políticas de Memória - NUPPOME - IFISP/UFPEL) e Prof. Dr. João Teófilo (UEMG - Unidade Campanha)

O prazo para envio de artigos para o dossiê é 31.10.2024.

Contamos com sua colaboração através de artigos ou resenha relacionados a essa importante temática de nossa historiografia. Lembramos que a Sillogés recebe também artigos e resenhas de diferentes temas em fluxo contínuo.

Abaixo, mais detalhes sobre a proposta de dossiê. 

Chamada para artigos: Brasil, 1964-2024: perspectivas sobre o passado e o presente na luta contra o negacionismo

Em abril de 2014, quando completaram-se 50 anos do Golpe de 1964, o Brasil vivia uma conjuntura política diferente da atual. As instituições políticas reestabelecidas durante o processo de transição à democracia e com o início da Nova República pareciam funcionar sem maiores problemas. Após anos de políticas de esquecimento em relação aos crimes da ditadura, o Estado brasileiro, entre avanços, recuos e disputas, vinha implementando políticas de memória efetivas, como a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), a Comissão da Anistia (CA) e a Comissão Nacional da Verdade (CNV).


Créditos: Cerimônias - Entrega Relatório Final - CNV (2014) - Casa Civil/Presidência da República (acima), Desfile Militar (2022) - BBC Brasil (abaixo). Arte sobre imagens.

Atualmente, às vésperas dos 60 anos do Golpe de Estado que depôs o presidente João Goulart e deu início à ditadura que duraria quase 21 anos, o país vive um contexto bastante diverso do de 2014.

Marcado pelas consequências de uma crise política que se agravou desde 2016, quando se deu o Golpe parlamentar (disfarçado de impeachment) que afastou Dilma Rousseff da Presidência da República, o atual cenário pode ser entendido como um contexto de reconstrução no que se refere às políticas de memória. Afinal, durante os Governos Temer (2016-2018) e Bolsonaro (2019-2022) os principais mecanismos de reparação às vítimas da ditadura foram desarticulados, esvaziados e continuamente deslegitimados pelo Governo Federal e seus agentes.

Soma-se aos problemas mencionados, o fato de que, apesar de haver muitos avanços analíticos no que diz respeito ao período da ditadura brasileira, ainda existem muitos temas que carecem de análises mais aprofundadas. Este é o caso, por exemplo, de análises que evidenciem os impactos da repressão política para além dos grandes centros urbanos e da região Sudeste e que contemplem outros grupos que não a esquerda tradicional, a exemplo dos negros, mulheres, indígenas e a população LGBTQIA+.

Considerando o contexto dos 60 anos do Golpe, este Dossiê tem como objetivo reunir estudos que analisem: a) o impacto da ditadura fora dos grande centros urbanos do país; b) as políticas de memória que foram implementadas no contexto brasileiro, seja em âmbito nacional, mas também aquelas criadas em âmbito estadual e/ou municipal; c) os limites dos mecanismos de justiça de transição para lidar com os legados da ditadura; d) e o debate político sobre a ditadura no contexto bolsonarista.