A Revista Sillogés - http://historiasocialecomparada.org/revistas/index.php/silloges/ - anuncia a chamada de trabalhos para o dossiê História Social da Imigração: acervos, memória e perspectivas historiográficas proposto pela Profa. Dra. Maíra Ines Vendrame (Unisinos) e Profa. Dra. Júlia Leite Gregory (Pós-Doutoranda, UNICENTRO).
O prazo para envio de artigos para o dossiê é 15.10.2025
Contamos com sua colaboração através de artigos ou resenha relacionados a essa importante temática de nossa historiografia. Lembramos que a Sillogés recebe também artigos e resenhas de diferentes temas em fluxo contínuo.
Abaixo, mais detalhes sobre a proposta de dossiê.
Os movimentos migratórios têm marcado profundamente a história de diversas regiões do território brasileiro. No século XIX e início do XX, o Brasil buscou atrair imigrantes, sobretudo europeus, com vistas a incentivar o povoamento, aproveitar “terras devolutas”, proteger fronteiras, ampliar mercados consumidores e a produção de alimentos, aumentar a oferta de mão de obra, além de buscar o branqueamento populacional e a modernização da economia nacional. As políticas migratórias incluíam a criação de colônias, a demarcação de lotes de terra, propaganda na Europa, subsídios ao transporte e apoio aos recém-chegados. Diversos estados receberam projetos de colonização, destacando-se aí a região Sul, onde alemães, italianos, poloneses, ucranianos, franceses e russos formaram comunidades marcadas por uma interação entre tradição e adaptação: surgiram vilas, centros urbanos e redes comerciais que testemunharam a transformação de modos de viver, pensar, trabalhar e se relacionar com o território.
A partir do início do século XXI, o Brasil passou a receber novos fluxos migratórios. Mesmo sendo os imigrantes agora haitianos, venezuelanos e senegaleses, olhar para as migrações do presente e do passado em perspectiva comparada ajuda a compreender diferentes questões implicadas na vida das pessoas que migram, em suas estratégias de integração social, moradia, trabalho, direitos e família na sociedade de acolhida.
Deste modo, no contexto das comemorações que marcam os 200 anos da imigração alemã e os 150 anos da imigração italiana no Brasil (2024-2025), o presente dossiê propõe reunir artigos que abordem, de forma crítica e inovadora, temas relacionados à história social das migrações históricas e contemporâneas no país, com especial atenção aos acervos, memórias e perspectivas historiográficas.
Em função das efemérides, multiplicam-se eventos comemorativos, publicações e debates sobre os sentidos históricos e sociais da imigração no país, além de ser estimulado o interesse por memórias, práticas culturais, disputas de narrativa e usos políticos do passado. Serão bem-vindas contribuições que utilizem fontes diversas — escritas e não escritas — como documentos judiciais, religiosos, administrativos, civis, cartas, diários, fotografias, objetos, monumentos e narrativas orais. Interessa-nos, sobretudo, discutir a pluralidade das experiências migratórias, da relação entre diferentes problemáticas ligada a inserção social, como as pesquisas sobre imigração e trabalho, gênero, parentesco, cidadania e constituição de direitos, processos de racialização, disputas e divisões, utilizando metodologias de análise que propiciem avanços e desafios ao campo de estudos da história das imigrações.
Referências imagens: Família Italiana - Museu do Imigrante Italiano Eduardo Marcuzzo (s.d)/ Família haitiana já está reunida em Campinas - Correio Popular (2018).